Sendo um importante recurso natural da Bahia, o Rio Joanes desempenha um papel essencial para o setor socioeconômico e ecológico nos municípios da Região Metropolitana de Salvador (RMS). Ocupando uma área de, aproximadamente, 1.200 Km², apresentando uma extensão linear de 75 km, o rio é responsável por cerca de 40% do abastecimento da capital baiana e da RMS. Em Lauro de Freitas, o Rio Joanes tem sido um importante recurso natural, não apenas para o abastecimento de água da cidade, mas também para a economia, meio ambiente e qualidade de vida dos laurofreitenses que moram nos seus arredores.
O rio nasce em São Francisco do Conde e desemboca em Lauro Freitas, especificamente em Buraquinho. É possível encontrar inúmeros fragmentos que detalham a relevância do Rio para a história de Lauro. Em alguns desses registros, é possível traduzir que “O município de Lauro de Freitas, antiga freguesia de Santo Amaro do Ipitanga, tem suas origens nos primeiros tempos do Brasil colonial, no longínquo ano de 1552, quando Garcia D’Ávila, criado e almoxarife de Tomé de Souza, pediu e obteve dele que era o Governador Geraldo Brasil, no dia 21 de maio, duas léguas de terras ao longo do mar, nos campos de Itapuã e Vale do Rio Joanes”.
Ainda falando sobre a história de Lauro de Freitas, o Rio Joanes ainda é citado no texto que fala sobre o crescimento econômico da cidade no ciclo da cana-de-açúcar. “Aregião teve o seu esplendor, destacando-se os engenhos: Japara, Cají, Quingoma e São Bento. Esse esplendor, entretanto, foi lamentavelmente conseguido às custas do trabalho escravo dos negros vindos da África nas condições mais desumanas possíveis, substituindo os índios que iam sendo também, impiedosamente exterminados pelos portugueses. Grande resistência houve por parte dos índios e escravizados africanos, culminando com o “Combate do Rio Joanes” protagonizado por negros muçulmanos, travado nas margens do rio, em Portão no dia 28 de fevereiro de 1814 e que resultou em muitas mortes”.
Passando o período histórico, o Rio Joanes ainda tem inúmeras participações importantes para o crescimento de Lauro de Freitas. Primeiro que o afluente é uma das principais fontes de água potável para Lauro de Freitas. Suas águas são captadas e tratadas para fornecer água de qualidade aos habitantes do município. Além disso, o rio contribui para o turismo na região, tendo em vista que as paisagens naturais e as atividades recreativas, como passeios de barco e pesca, atraem visitantes e geram renda para a comunidade ao redor.
Área de Proteção Ambiental
A Área de Preservação Ambiental de Joanes-Ipitanga (APA Joanes/Ipitanga) é a área de proteção ambiental criada pelo decreto estadual nº 7.596 de 5 de junho de 1999. A APA tem como medida de preservação à bacia do Joanes-Ipitanga, que é parte do sistema de abastecimento humano de água potável da RMS. As áreas ao redor do Rio Joanes são ricas em biodiversidade, incluindo trechos de áreas de restinga e de Mata Atlântica.
Essas zonas verdes são essenciais para a conservação da fauna e flora local, além de contribuírem para a manutenção do equilíbrio ecológico. O rio e suas margens oferecem habitats para diversas espécies de plantas e animais. Seu curso atravessa Camaçari, Simões Filho, São Sebastião do Passé, Candeias e Dias d’Ávila, representado por remanescentes de Mata Atlântica, manguezais, restingas, dunas e cerrados.
As principais nascentes do rio encontram-se nos municípios de São Francisco do Conde (Fazendas Gurgainha e Gurgaia) e São Sebastião do Passé (Usina Cinco Rios). Seus maiores afluentes da margem esquerda são os rios Uberaba, Lamarão, Sucuricanga e Bandeira e, pela margem direita, Ibirussu, Boneçu, Petecada, Jacarecanga, Itabaoatã, Muriqueira e Ipitanga.
Iniciativas da Prefeitura
Ao longos dos anos, Prefeitura de Lauro tem realizado iniciativas com o objetivo de fomentar a preservação do meio-ambiente da Bacia do Rio Joanes. Em 2021, a criação de um consórcio interfederativo formado entre o Governo do Estado e as oito prefeituras que integram a bacia hidrográfica do Rio Joanes foi a principal proposta apresentada em um Workshop da Bacia do Rio Joanes, realizado pela gestão municipal de Lauro de Freitas em parceria com a Organização Não-governamental (ONG) Rio Limpo.
Em março deste ano, a Prefeitura de Lauro de Freitas, por meio da Secretaria Municipal de Políticas Afirmativas, Direitos Humanos e Promoção da Igualdade Racial (Sepadhir) e da Superintendência de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Lauro de Freitas (Suppir), organizou uma live aula sobre o Levante do Rio Joanes, que completou 209 anos em fevereiro. O Levante do Rio Joanes ocorreu em 28 de fevereiro de 1814 e ficou conhecido, historicamente, como o Levante de 1814. Aconteceu na Freguesia de Santo Amaro de Ipitanga, às margens do rio Joanes, atual município de Lauro de Freitas. A batalha sangrenta foi marcada por escravos que lutaram pela liberdade e pela religião. Antecede a Revolta dos Malês, em 1835, e a um ciclo de mobilizações que culminaram na abolição da escravatura.
Além disso, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Saneamento e Recursos Hídricos (SEMARH) segue com propostas que visam impedir a ação humana e imobiliária nos arredores do Rio Joanes. Em março deste ano, a secretaria suspendeu as atividades de obra por assoreamento de afluente do Rio Joanes, localizado em Buraquinho (Miragem). Após recebidas as denúncias, foram adotados os trâmites de visita e fiscalização à obra, sendo constatadas irregularidades de cunho ambiental, como a intervenção da área de proteção e supressão de vegetação local.